quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fatalidade

Apaga-se a luz e espreita-se à porta.
O nada preenche a plena harmonia de uma casa.
Está uma noite linda. Muito calor, cheira a verão.
Os lençóis estão quentes por isso devem estar assim, puxados para trás.
Sinto saudade de algo diferente. Estranheza? Pois.
Imagens alinhadas coladas numa parede branca. Um beijo apaixonado, contagiante, invejoso a qualquer amor, bonito...muito bonito.
Traçar de um sonho numa folha de papel branca.
Linhas horizontais, o caminho.
Essência suave, aroma, perdição.
Vestidos de seda de todas as cores.
Rosas espalhadas pelo chão. Ingenuidade de mulher.
Duas taças de cristal servidas a champanhe.
Ao cimo a princesa. Pele branca e delicada. Uns lábios sedutores, porém inocentes. Olhos doces e meigos. Desejo de um amor eterno.
Mãos geladas como a neve, respiração fraca, pulsação débil.
E ela canta ao mesmo tempo que vai perdendo a força nas palavras.
Suspira. Sorri. Serenamente, deixa de pestanejar.
Foi por amor.

domingo, 7 de junho de 2009

Restos de nada

E as pétalas voaram, os longos cabelos dela foram arrastados com a força do vento descontente pela traição do amor efémero.
Desse nada restou. Da água fez-se areia, dos prados um campo seco com flores mortas, do céu fez-se inferno e em seguida a trovoada, as chuvas ácidas, os cristais de gelo.
E os pedaços de papel que guardavam palavras de amor eterno desaparecem com a força da água desesperada em inundar todo o território.
O sol aproximou-se da Terra e fez fogo, os raios cegaram os olhos dela… e ele não a salvou. Descobriu então que as palavras nada são, são palavras por palavras, sem significado.
E nada mais restou. De tudo fez-se cinzas, e de repente, no fim de tudo, a palavra “Amo-te” permaneceu intacta.
Nem tudo o vento levou.