quinta-feira, 22 de abril de 2010


Tenho a sensação de que tudo o que quero e desejo me foge rapidamente das mãos sem que eu me aperceba e possa impedir. Acontece sempre furtivamente, como um poço sem fundo e depois sou surpreendida. Talvez seja um sinal a dizer-me que se fugiu é porque realmente não era aquela a escolha certa…e se for, um dia há de voltar…nem que seja tarde (demais).
Irónico é eu não querer aquilo que está ao meu alcance, talvez seja mesmo por isso. A luta pelo difícil sempre foi um ponto forte/fraco do ser humano.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

365

Já passaram quase 365 dias, não sei bem ao certo. Lembro-me porque foi numa data especial e memorável para mim.

[...]

Um dia fui feliz por horas contadas, ouvi que era a coisa mais importante de alguém, ouvi que alguém me adorava e que adorava que o adorasse. Um dia elogiaram os meus lábios, o meu cabelo, e a simplicidade da minha companhia. Um dia disseram-me que eu tinha um brilho que não deixava as pessoas indiferentes, fosse pela beleza ou outra coisa qualquer. Um dia houve alguém que acreditou cegamente no que lhe diziam, e acabou sozinha. Um dia escrevi o mais belo texto de amor, de corpo e alma e desde então não quis parar.
Um dia dois amigos deixaram de se falar, cada um seguiu o seu caminho, sem despedidas. Acabaram-se os abraços apertados que diziam silenciosamente "não te quero perder", e os beijos prolongados como se não houvesse amanhã.
Um dia esta história repetiu-se, mudando a personagem principal.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O cordeiro e o lobo

O cordeiro é um animal associado à inocência, desprotecção e pequenez do qual o ser humano associa sempre ao prato principal de um lobo, como se fosse inevitável.
O lobo, animal forte e robusto, de dentes afiados e grande caçador de presas está aliado ao mal, ao engano e à principal razão pela morte dos cordeiros.
Vivemos num mundo dividido entre bem e mal, que entram em colapso um com o outro, temos de um lado os homens bons, os cordeiros e animais domesticados que no fundo são assim porque alguém lhes ensinou e porque naturalmente têm as suas características de origem; do outro os animais ferozes como o lobo, a raposa traiçoeira, as aves de rapina entre muitos outros que o Homem despreza só porque são dados desde logo como um perigo. Porém, alguns destes “bons” escondem por debaixo da sua pele de ovelha, de gato mansinho, de cão afectuoso e de homem racional e humilde, um verdadeiro instinto cruel e selvagem que pode ser tão mau ou pior que o lobo, que na realidade é sempre o mau da fita.
E se um dos lobos, uma das aves, uma das raposas não for feroz, traiçoeira e não matar as presas indefesas?
Generalizamos as características principais destes seres vivos, sem pormos em questão que uns podem ser melhores, outros piores independentemente do pêlo que “vestem” e do habitat em que vivem.
Um dia li uma história em que o dito “lobo mau”, aparentemente assustador, se tornou amigo de um cordeiro indefeso que passeava pelo campo. Enquanto as ovelhas fugiam, o lobo lentamente aproximava-se e o cordeiro permanecia ali sem medo. Os dias iam passando e cada vez mais se tornavam mais amigos.
Muitas vezes o cordeiro era olhado de lado, porque tinha feito amizade com o lobo e as ovelhas e os outros animais que por ali andavam diziam que esta súbita união ia ser pouco duradoura, pois o único interesse do lobo era tê-lo como alimento depois de amansado.
O lobo tinha os seus amigos, uns eram grandes predadores, matavam animais indefesos, inclusive um homem. O cordeiro nunca se importou com isso, porque sabia que o lobo não era assim e muito menos teria culpa do que acontecera. E assim foram sempre amigos.
Poderia estar a contar mais pormenores, mas resumi o essencial: os lobos também podem ter pele de cordeiro, e quem sabe os cordeiros de lobo.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Outrora viestes meu cão selvagem
esperando na berma do rio,
meu coração ardente em cinzas,
que nem tu soubeste salvá-lo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desabafos

Olho para trás e pergunto-me se valeu a pena tanto esforço que foi em vão. Não me sinto culpada porque sei que lutei infinitamente com as forças que tinha e não tinha.
Se o tempo voltasse atrás faria o mesmo? É uma questão complicada e simultaneamente óbvia. Eu faria o mesmo, talvez de forma diferente.
Estou certa que se tanta dedicação como esta fosse repartida por todas as minhas obrigações seria uma vencedora nesta vida, ou neste jogo.
Mas eu não quero vencer, nem ser vencedora, apenas viver e aprender a viver. O sofrimento e a dor são sentimentos bons porque nos ajudam a enfrentar os problemas, e resolve-los e a não repetir os mesmos erros.
Nascemos e morremos da mesma maneira, apenas nos diferenciamos nas acções que praticamos enquanto seres humanos o que faz de nós pessoas boas e más.
Rancor e ódio não valem a pena se existem mil e um sentimentos superiores a estes.
Há que seguir em frente sem medo, aceitar a negação e ser feliz.
Nunca deixes de fazer aquilo que mais te apetece num determinado momento, não hesites, não penses no dia de amanhã porque o amanhã pode nem existir mais.
Até podes sofrer consequentemente das coisas que fazes e não devias, até pode ser fatal, mas vais-te sentir tranquilo porque cumpriste aquilo que o teu (sub)consciente quis.
Gosto de pensar com o coração e não com a razão, lei da irracionalidade. É correcto? Dependendo do contexto, pode não ser a forma mais adequada de agir, mas é aquela em que acredito; tudo é relativo.
É difícil pôr de lado os sentimentos e pensar racionalmente com pés bem assentes na terra, principalmente quando tu próprio tens o pensamento a biliões de km de distância.
No entanto, acredita no teu "eu" e naquele "feeling" que há dentro de ti. Eu tenho esse "feeling", pode nem toda a gente essa sensibilidade, mas o ser humano tem poderes na sua mente que nem imagina.
Somos seres com uma energia incrível e que não a sabemos usar como realmente devíamos, ou podíamos. Há que saber usá-la também, portanto talvez seja melhor assim.
"Vivemos com medo de morrer": eu vivo com medo de morrer, com medo das coisas que podia fazer e não fiz, daquilo que queria dizer q não disse, com medo de já nem ser capaz de me arrepender daquilo que ficou em suspenso por já nem cá estar.
Quando te dizem que tens tempo para tudo e que há uma altura certa para tudo, é mentira.
Tudo o que está ao teu alcance faz! Ama, chora, ri,vive, diverte-te! Não há tempo , o ponteiro do relógio anda mais rápido do que aquilo que aparenta, e ninguém se apercebe de como é curto o tempo que nos resta.
Volto a dizer: segue em frente, sê tu mesmo, não faças nada por fazer e tudo aquilo que fizeres, faz com toda a dedicação porque um dia sentir-te-ás preenchido, satisfeito e realizado por teres cumprido o teu dever neste pequeno mundo de vermes e parasitas chamado Terra.
E pensa bem: de que vale a riqueza,os poderes, a ostentação se na hora da morte todos somos iguais?
Não podemos comprar a vida, e se assim fosse, seria uma injustiça pois só os ricos viveriam.
A morte é a forma mais digna de igualar o ser humano.

sábado, 3 de outubro de 2009

Incompreensão

Sei o que sou e o que sinto
Sou escrava do tempo e do passado
Tenho a alma desfeita em cinzas
E o coração cheio de mágoa

Possuída pelo demónio
Rainha dos amores perdidos
Vencedora dos males da terra
Esse é meu primórdio

Não sou pessoa
Sou uma parasita perdida que rasteja pela terra
À procura de um abrigo
Ou à procura que a hora de voar além chegue

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Estro


Não sei se és homem, se és sonho

Se és anjo, demónio

Mas que importa a mim o que és

Se voo e canto quando te sinto?